quarta-feira, 20 de junho de 2012

"[...]A desgraça que nos oprime não provém senão da cupidez, do azedume dos homens que têm receio de ver a humanidade progredir..."


Pensamos de Mais e Sentimos de Menos Queremos todos ajudar-nos uns aos outros. Os seres humanos são assim. Queremos viver a felicidade dos outros e não a sua infelicidade. Não queremos odiar nem desprezar ninguém. Neste mundo há lugar para toda a gente. E a boa terra é rica e pode prover às necessidades de todos.
O caminho da vida pode ser livre e belo, mas desviámo-nos do caminho. A cupidez envenenou a alma humana, ergueu no mundo barreiras de ódio, fez-nos marchar a passo de ganso para a desgraça e a carnificina. Descobrimos a velocidade, mas prendemo-nos demasiado a ela. A máquina que produz a abundância empobreceu-nos. A nossa ciência tornou-nos cínicos; a nossa inteligência, cruéis e impiedosos. Pensamos de mais e sentimos de menos. Precisamos mais de humanidade que de máquinas. Se temos necessidade de inteligência, temos ainda mais necessidade de bondade e doçura. Sem estas qualidades, a vida será violenta e tudo estará perdido.
O avião e a rádio aproximaram-nos. A própria natureza destes inventos é um apelo à fraternidade universal, à união de todos. Neste momento, a minha voz alcança milhões de pessoas através do mundo, milhões de homens sem esperança, de mulheres, de crianças, vítimas dum sistema que leva os homens a torturar e a prender pessoas inocentes. Àqueles que podem ouvir-me, digo: Não desesperem. A desgraça que nos oprime não provém senão da cupidez, do azedume dos homens que têm receio de ver a humanidade progredir. O ódio dos homens há-de passar, e os ditadores morrem, e o poder que tiraram ao povo, o povo retomá-lo-á. Enquanto os homens morrerem, a liberdade não perecerá.

Charles Chaplin, in Discurso final de «O Grande Ditador»

"Desigualdade Rima com Hipocrisia"


“Boi com sede bebe lama, barriga seca não dá sono... desigualdade rima com hipocrisia, não tem verso, nem poesia que console o cantador”. (Flávio José)

terça-feira, 19 de junho de 2012

Conceituação dos termos Opressão e Liberdade

O termo opressão no dicionário português significa: “tirania, despotismo” - submeter, comprimir, pressão que esmaga, sufoca. Na antiguidade a opressão tomava o lugar de soberania.
No entanto, ao fazermos um contraponto com o passado não tão esquecido assim, apesar do tempo, pode-se ver diferentes tipos de opressão na sociedade contemporânea. Mesmo vivendo num país onde o progresso, democrático ganha tamanha evidência e importância cotidianamente, observamos situação onde milhares de pessoas estão sendo oprimidas diariamente. Em outras palavras significa que a opressão ainda continua vigente, ela nos cerca constantemente.
Somos oprimidos e tolhidos o tempo todo, até mesmo dentro de nosso lar, numa roda de amigos, pela sociedade etc. claro que existem variadas formas de opressão; de oprimir e ser oprimido.
Ouvimos corriqueiramente queixas de que alguém está sendo oprimido.
Ao trazer isso para o centro do debate, temos como exemplo, a situação da desigualdade de classes – os chamados pauperizados – pobres, fruto de uma sociedade desigual e complacente com tal desigualdade e os ricos que se sentem submetidos a tal desigualdade e a ver como um problema a sua liberdade.
Vivemos num constante dilema e/ou numa constante dicotomia, onde os que vivem sob a opressão clamam por liberdade, já os que participam da democracia clamam por mais liberdade, e no final das contas, todos se sentem tolhidos/submetidos a um poder maior.
O Fato é que na atualidade, a opressão é usada de diferentes maneiras/estratégias. Todavia, isso não significa que não exista liberdade, muito pelo contrário, houve uma expansão incontestável da mesma. Mas a pergunta que fica que tipo de democracia estar se vivendo? Soberania do povo ou do sistema?
A expansão da democracia não significou o rompimento da opressão, pois esta está longe de se extingue.

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A liberdade segundo o dicionário português quer dizer, “direito de agir de acordo com a própria vontade; condição de pessoa não sujeita a escravidão ou servidão; independência; autonomia; permissão; licença”.

"A liberdade traduz-se, no dia-a-dia, em várias liberdades: de escrever; de falar; de nos organizarmos; de protestar; de apoiar; de votar; etc. Uma dessas liberdades, por vezes esquecida, é a de estar errado, de falhar, de não ter razão e, mesmo assim, de poder opinar, falar e escrever." Autor - Campos e Cunha, Luis.


Liberdade!
palavra pouco compreendida
pois a razão de ser livre
nos remete a nossa prisão de ser
um ser fechado em decisões
que arbitrariamente
corrompe o direito alheio
de ser livre também!
para ser livre verdadeiramente
se deve ser preso a pesar
medir e declarar estar apto
a aceitar toda culpa
por escolhas ou não escolhas
por atos medidos ou desmedidos
por palavras e pensares
por simplesmente se dizer livre!
para ser livre
é preciso aceitar que somos presos!
para ser livre é preciso aceitar
que nossa liberdade é uma escolha
e não escolhe-la é também uma opção
opção de escolha que se faz presente
tornando então nossa liberdade existente
querendo ou não querendo!’
CORREIA, Erisvaldo, 2011.


Debate Contemporâneo


"Enfatizar uma perspectiva de longo alcance não significa que ignoremos o "aqui" e "agora". Pelo contrário, o motivo pelo qual devemos nos interessar por um horizonte muito mais amplo que o habitual é para poder conceptualizar de maneira realista uma transição para uma ordem social diferente a partir das determinações do presente. A perspectiva de longo alcance é necessária porque a meta real da transformação só pode estabelecer dentro de tais horizontes." (Mészáros, 2003, p. 122).
Faz-se fulcral que o Assistente Social, não perca a dimensão política da profissão, não se deixando levar pelas amarras dos “jogos políticos” tão presente na sociedade capitalista contemporânea. Não podemos perder de vista a constante luta pela emancipação humana, pela garantia dos direitos. Nessa batalha, não se pode vencer sozinho, por isso a importância do projeto coletivo, profissionais e usuários numa constante luta contra as várias formas de violação de direitos.
Neste sentido, segundo BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p 195,
 A defesa pelos direitos deve ser concebida como integrante de uma “agenda estratégica da luta democrática e popular, visando à construção de uma sociedade igualitária”. A conquista dos direitos no âmbito do capitalismo “não pode ser vista como um fim em si, como um projeto em si, mas como via de ingresso, de entrada, ou de transição para um padrão de civilidade que começa pelo reconhecimento e garantia de direitos no capitalismo, mas que não se esgota nele”.
Como bem colocado pelos autores, é preciso que se tenha como eixo norteador da prática profissional a Perspectiva de longo alcance, que se faz tão necessária no processo de transformação da ordem social, não nos deixando levar pelo imediatismo e/ou pelo dado, pois este dado representa a expressão fenomênica, pois o fenômeno aparentemente indica algo que não é ele mesmo. Faz-se necessário buscar o seu movimento essencial na sociedade burguesa, desde as suas origens até os dias atuais, só assim podemos compreender as várias expressões da questão social, pois as tendências atuais são nefastas e o aprofundamento das múltiplas expressões da questão social tem-se agravado cotidianamente.

domingo, 17 de junho de 2012

Liberdade X Emancipação

Serviço Social: Uma luta constante pela liberdade e emancipação humana.


“É própria do Serviço Social tradicional, fundado no pensamento conservador, a incapacidade para oferecer uma visão histórica da sua gênese e desenvolvimento. De fato, a herança tradicionalista só forneceu da profissão painéis historiográficos, mas sempre ineptas para recuperar o efetivo processo do Serviço Social.
A condição para romper com este lastro é recente: apenas a partir da interlocução do Serviço Social com a tradição marxista, emergente nos anos sessenta, vem sendo possível resgatar o concreto envolver da profissão. Um tal resgate é ainda um projeto em curso, apesar das contribuições que surgiram nos últimos tempos”. ( MARTINELLI, 2010)
 
O Assistente Social encontra-se inserido nas diversas esferas da vida social, lindando com questões de extrema complexidade.

Relações sociais complexas e que perpassam o cotidiano desse profissional, o que requer do mesmo uma capacidade teórico–metodológica de lidar com as várias metamorfoses da questão social.

Neste sentido, o profissional de serviço social, pode ser considerado propagador de mudança nessa sociedade tão desigual.

Ações essas que tem como base os princípios fundamentais do código de ética são estes:

- Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;

- Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo;

- Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras;

- Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida;

- Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;

- Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças;

- Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas xpressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual;

- Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero;

- Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores;

- Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;

- Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física".