“Vejo, muitas vezes estarrecido, um debate
totalmente parcial entre as pessoas, e o que ainda é pior, sem qualquer
embasamento”. Como o ser humano é razoavelmente indolente por natureza; e, além
disso, vive sem tempo no mundo moderno, ele se torna presa fácil de
oportunistas de plantão. Através de propaganda enganosa e apelos românticos,
esses manipuladores, muitas vezes, conquistam as mentes e corações das pessoas,
que nem notam que estão apenas sendo usadas para objetivos particulares de
outros.
É nesse âmbito que descrevo nossa escravidão
moderna. Pelo fato de a escravidão formal ter sido abolida; e a democracia,
conquistado o mundo, muita gente já se sente livre. Discordo, pois a liberdade
não é conquistada somente através do voto. Podemos ser livres in
jure, mas não somo de facto. A escravidão pode ser
muito mais sutil do que estar preso a correntes.
Somente um debate livre e intenso, calcado na busca
incessante por informações e com honestidade intelectual, pode libertar o
homem. Precisamos debater, sem ideias pré-concebidas e sem os limites do
"politicamente correto", temas polêmicos, utilizando uam abordagem
totalmente imparcial. O questionamento sincero, junto com o ceticismo, pode
levar o homem longe. Recusar explicações simplistas que trazem um falso
conforto é fundamental nesse processo de aprendizado.
A maior dificuldade nessa caminhada pelo debate
construtivo e imparcial é, sem dúvida, lutar contra os discursos românticos dos
oportunistas, assim como sua forte propaganda.
Descobrir algumas aparentes verdades pode assustar,
e olhar o mundo através de uma lente romântica, regada de utopias, é uma fuga
mais fácil. Além disso, não existe liberdade sem responsabilidade, e a segunda
afasta muita gente da busca pela primeira.
O homem pode fazer a diferença. Para isso, é
crucial sermos livres. O mundo caracteriza-se por uma série de acontecimentos,
que são processados por cada indivíduo, que então devolve algo ao mundo.
Nesse processo de interação, como numa combinação de agentes químicos, ambos
mudam sua composição inicial. A luta pela liberdade começa, portanto, pelo
interior de cada indivíduo. Precisamos lembrar sempre que temos o
livre-arbítrio, que as mudanças dependem de nós, que como iremos processar o
que ocorre em nossas vidas depende muito da gente. “Entre o estímulo e a
resposta, o homem tem a liberdade de escolha”.
Trecho de Introdução do Livro: PRISIONEIROS
DA LIBERDADE de Rodrigo Constantino.
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