sábado, 14 de setembro de 2013

UMA BREVE REFLEXÃO DAS CONCEPÇÕES DE ESTADO E POLÍTICAS SOCIAIS NO CONTEXTO NEOLIBERAL



                                                                                       Mirian de Freitas da Silva
                                                                                       mirianfreitas23@hotmail.com

INTRODUÇÃO       

A história das políticas sociais possui vários aspectos abordados sob os mais variados pontos de vista no contexto do neoliberalismo. A questão que envolve a dicotomia entre o público e privado tem se apresentado como um dos pontos fundamentais. É a partir desta perspectiva que se analisa aqui esse fenômeno. Para tanto discutiremos o desenvolvimento da lógica capitalista, os regimes de acumulação que estão na sua base e/ou gênese e as lutas de classes, tendo como horizonte o pensamento de autores como: Asa Cristina Laurell, (1995), Laura Tavares, (2003) e Carlos Nelson Coutinho, (2005).
Entende-se por políticas sociais ações que determinam o padrão de proteção social implantado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais tendo como meta a redução das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico. Segundo Behring e Boschetti (2010: 47)
Não se pode indicar com precisão um período específico de surgimento das primeiras iniciativas de políticas sociais, pois, como processo social, elas se gestaram na confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo com a Revolução Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal. Sua origem é comumente relacionada aos movimentos de massa social-democratas e ao estabelecimento dos Estados-nação na Europa Ocidental do final do século XIX, mas sua generalização situa-se na passagem do capitalismo concorrencial para o monopolista, em especial na sua fase tardia, após a Segunda Guerra Mundial (pós-1945).

Para melhor compreender a relação entre políticas sociais e o Estado neoliberal, partiremos de estudos já realizados sobre o presente tema e, além disso, usaremos como base teórica neste estudo a contribuição da tradição marxista.
Desse modo, o estudo das políticas sociais deve partir do principio de que estas não devem ser explicadas a partir de sua imediaticidade ou como fato isolado. Assim, o enfoque está em situar e analisar os fenômenos sociais em seu complexo e contraditório processo de produção e reprodução das relações sociais.
Procura-se aqui entender e analisar as políticas sociais imbricadas num determinado período histórico, e formadas por múltiplas causas na perspectiva de totalidade. E é partindo desse princípio que se pode melhor captar a dinâmica do capitalismo liberal, tendo sempre como orientação a história e os processos dela decorrentes.
A tradição marxista problematiza o surgimento e o desenvolvimento das políticas sociais no contexto da acumulação capitalista e da luta de classe, com a perspectiva de demonstrar seus limites e possibilidades na produção do bem-estar nas sociedades capitalistas. Em outros termos, no movimento da sociedade burguesa.
Desta forma, as políticas sociais não podem ser analisadas e/ou entendidas apenas na sua expressão fenomênica, pois o fenômeno aparentemente indica algo que não é ele mesmo. Faz-se necessário buscar o seu movimento essencial na sociedade burguesa, desde as suas origens até os dias atuais.
           Assim, segundo Behring e Boschetti (2010: 36),
A análise das políticas sociais como resultados de relações complexas e contraditórias que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos conflitos e da luta de classes que envolvem o processo de produção e reprodução do capitalismo, recusa a utilização de enfoques restritos ou unilaterais, comumente presentes para explicar sua emergência, funções ou implicações.

Ora, cabe dizer que numa sociedade de interesses antagônicos haverá sempre embates políticos e, além disso, esses conflitos encontram-se num emaranhando de forças, onde se envolve tanto o político, o econômico, social e o cultural.
            Neste sentido, compreende-se, que a presente análise fugirá de enfoques imediatistas, buscando assim, uma leitura crítica dos fatos e das relações sociais num contexto onde envolve o antagonismo de classe.

ESTADO, ECONOMIA E POLÍTICAS SOCIAIS

Ao analisar-se as políticas sociais como conseqüência e/ou expressões multifacetadas da questão social e de suas múltiplas refrações, fica explícito que estas são resultados de processos histórico-contraditórios, os quais são inerentes a esse modo de produção capitalista.
            Neste sentido, têm-se sempre embates políticos de luta de classes, pela garantia de direitos e efetivação destes. Doravante, em se tratando de política social, o neoliberalismo sempre a redireciona para o corte do gasto público e/ou social, a desativação dos programas já existentes e a redução da responsabilidade do Estado. Desta forma, a redução acaba tomando uma proporção de universalidade e os graus de cobertura dos programas sociais são deslocados do campo dos direitos sociais.
            Nos termos expostos acima, pode-se compreender que a tendência neoliberal é de reestruturação dos programas sociais através da descentralização, que visa acelerar a eficiência e a eficácia do gasto estatal.
Sendo assim, um dos principais instrumentos para isso será a privatização, pois ela permite maior deslocamento da produção e distribuição dos bens e serviços públicos para diferentes setores, como o privado e o não lucrativo (terceiro setor), isto é, pensando em termos concretos, significa que assim o governo fica desresponsabilizado de suas obrigações sociais, reafirmando, desta forma, a política do “Estado mínimo”.
Nesta perspectiva, as ações empreendidas pelo Estado, passam a ter um viés de focalização, como fruto direto da reestruturação, que visa o gasto social a programas e público alvo específico, ou seja, escolhido de forma seleta, conforme a urgência da demanda apresentada.
Desta maneira, para Netto (1992: 51),
As políticas sociais e a formatação de padrões de proteção social são desdobramentos e até mesmo respostas de enfretamento – em geral setorializadas e fragmentadas – às expressões multifacetadas da questão social no capitalismo, cujo fundamento se encontra nas relações de exploração do capital sobre o trabalho.

A regulação neoliberal, que fundamenta a orientação da globalização vigente, supõe quebra do Estado, o qual deve ser mínimo, ser flexível por conta do mercado e da competição privada.
Nesse sentido, as teses neoliberais consistem numa perspectiva de intervenção mínima no que tange a ação do Estado em setores públicos como, educação, saúde, habitação, previdência social, assistência, segurança, etc., a lógica vigente, estava voltada para o Estado mínimo. Isto é, vai haver uma redução significativa e/ou corte dos direitos sociais, na qual a precarização dos bens públicos fica evidente no decorrer da história.
Assim, os neoliberais irão defender a redução do Estado, sendo o melhor mecanismo para os indivíduos reconquistarem o mercado. Desta forma, o mercado é o lugar de riqueza, e a atuação do mercado prejudica a economia, e se o Estado não intervém é melhor, haja vista que a intervenção estatal é antieconômica e desestimula o trabalhador a trabalhar, o Estado burocrático (estatizado) é sempre visto como improdutivo.
Coerentes com estes postulados, poucos desses direitos são efetivados no contexto neoliberal. Ao contrário, tais direitos são alvos de ataques pela classe dirigente do Estado e também do capital, desta maneira, o ataque é denominado neoliberalismo, que usa a modernização, o progresso como pretexto para a acumulação capitalista se reafirmar.
Cabe, nesse momento, destacar que para atender as exigências neoliberais, o Estado redireciona seu investimento para setores de estrutura e infraestrutura do capital, o qual segue as diretrizes de fazer transferência de investimentos que antes eram direcionados ao setor público, mas que com a nova lógica vigente esses vão para o setor privado.
Por sua vez, fica claro que o investimento estatal em políticas sociais e políticas públicas pela relação existente naquele momento, isto é, a defesa dos neoliberais de que o Estado gastava muito em setores que não davam retorno, assim, a questão da demanda era reforçada pelo problema do investimento público.
A partir do mencionado, começa-se a entender a maneira dos liberais de lidar com os serviços e políticas públicas, onde o ponto forte é o financiamento destas políticas, é neste sentindo que acontece um retrocesso no que concerne investimento em setores públicos.
Em outros termos, houve nesse contexto uma drástica redução desses recursos em gastos públicos, o que nos leva a conclusão de que isso significa menor demanda de investimentos em serviços sociais populares, assim, a perda de direitos básicos e serviços de qualidade se perderam ao longo do tempo.
Outro ponto que merece destaque é o fato de que nesse período ocorre o aumento de forma demasiada do empobrecimento em camadas da população menos favorecidas e/ou classe trabalhadora e no que consiste no agrupamento de “novos grupos sociais a condição de pobreza ou extrema pobreza”. Onde a pauperização alastra-se de forma considerável entre as diferentes camadas sociais, ver-se-ia hoje que a pobreza extrema é cada vez mais intensificada, esta é conseqüência direta desse sistema de mercantilização dos bens e serviços públicos.
É inegável que dentre a série de fatores resultantes das políticas adotadas pelos liberais o mais significativo tem sido o agravamento da questão social. O contexto social em que esta é produzida, no desemprego e no subemprego traduz a sua mais límpida expressão.
Tem-se como consequência direta disso, a redução de forma considerável de direitos sociais, gerando ainda mais pobreza ou miséria entre a maioria da população, afetando não só as camadas populares, mas as médias também.
A redução de investimento em gastos públicos é visto ou analisado de formas diferenciadas. Tem os que defendem que é efeito da crise econômica dos anos 70, (governos e agências financeiras internacionais), mas também tem aqueles que vêem a estagnação desses investimentos em setores públicos não só como efeito da crise, mas junto a isso, está a lógica de defesa da política neoliberal de redução ou ajuste e transformações estruturais.
O progresso capitalista e a organização social presente nesse modelo carregam consigo “relações sociais complexas e contraditórias”, onde na visão de Netto (1996), estas questões são resultado das contradições trazidas pelo desenvolvimento capitalista, onde atinge tanto a esfera econômica quanto a social.

CONSCIÊNCIA DE CLASSE

 Há, nesse sentido, a necessidade da classe trabalhadora em buscar melhores condições para sobrevivência, somando-se a isso a lógica de exploração e submissão da mesma pelo sistema capitalista. Assim, as modificações que ocorreram ao longo da história nos mostram que o sistema capitalista é perverso e que não irá mudar, ficando sob incumbência da classe trabalhadora lutar de forma consciente pelos seus direitos.
A busca de alternativas para o agravamento da questão social desencadeou-se o acirramento das lutas de classes pela garantia das necessidades básicas, saúde, educação, habitação, previdência social etc. Partindo desse pressuposto, a questão social transfigura-se a projetos de partidos políticos, onde deixa de lado a verdadeira essência daquela, visto que, as múltiplas expressões da questão social não serão combatidas com projetos políticos que visa o imediatismo.
Neste sentido, em conformidade com os autores aqui tratados, faz-se mister estudar e elaborar projetos de políticas públicas e ações voltadas para o atendimento da população de forma que abarque suas necessidades, e, para, além disso, que de condições de vida dignas a essas pessoas, visando um projeto de vida de qualidade e longevidade.
Ressaltamos que o desenvolvimento e investimento das políticas sociais devem levar sempre em consideração os processos políticos, culturais e ideológicos particulares de cada país e região. Portanto, o estudo sobre essas políticas precisa ser afastado de enfoques restritos, pois os mesmos são insuficientes para explicar e de conceber um entendimento eficaz dos processos contraditórios inerentes às relações sociais. Devemos, pois, analisar tais políticas dentro de um momento histórico específico, isto é,

Tornar histórico-processual, o que significa contemplar o seu processo de constituição, os fundamentos subjacentes, sua orientação-conteúdo e suas implicações na relação entre as forças políticas. (LAURELL, Asa Cristina, 1995: 154).

Percebe-se que sob o prisma neoliberal, o Estado tem como foco a redução das políticas sociais universais e o não reconhecimento de direitos sociais como direitos inerentes ao homem pelo simples fato do mesmo fazer parte da sociedade.
Partindo desse pressuposto o Estado assume o compromisso de garantir direitos mínimos, com enfoques locais e restritos, onde é necessário comprovar situação de indigência para receber tais direitos, desta maneira, há uma perda considerável de direitos sociais conquistados ao longo da história. Dito de outra forma, as políticas focalizadas, sob a ótica neoliberal visa amenizar as tensões sociais, assim como “naturaliza” a pobreza, onde consiste num estado de permanente insegurança e dependência.
O que segundo Soares (2003: 12), dentro do contexto da globalização neoliberal,

A filantropia substitui o direito social; os pobres substituem os cidadãos; a ajuda individual substitui a solidariedade coletiva; o emergencial e o provisório substituem as políticas públicas; o local substitui o regional e o nacional. É o reinado do minimalismo no social para enfrentar a globalização no econômico.

Verifica-se dentro dessa perspectiva, que as políticas sociais tornam-se mercadorias na medida em que para ter acesso a bens e serviços de melhor qualidade é preciso está inserido no mercado de trabalho, e percebe-se de forma clara a mercantilização do que é direito do homem enquanto cidadão, visto que ao inserir as políticas sociais nessa lógica capitalista perversa é uma das maneiras de fortalecimento do capital, na medida em que, o setor privado fortalece-se enquanto que o público fica sucateado.
Do exposto, compreende-se que o Estado segue a meta de reduzir os investimentos em políticas sociais, em setores públicos e, por conseqüência temos acessos diferenciados a bens e serviços públicos como, saúde, educação, habitação, previdência, cultura, lazer etc., o que vai determinar o acesso a melhores serviços é a vida financeira do individuo.
Como já sinalizamos ao longo desta reflexão, o acesso a bens e serviços dependerá essencialmente da força de organização coletiva, pois quanto mais unida às camadas populares, maior será à força de reivindicação por direitos, melhores condições de vida e também a garantia e efetivação de tais direitos nas camadas da sociedade, percebem-se isso na afirmação a seguir,
A questão social se expressa em suas refrações, e por outro lado, os sujeitos históricos engendram formas de seu enfrentamento. Contudo sua gênese, esta na maneira com que os homens se organizaram para produzir num determinado momento histórico, como vimos o de constituição das relações sociais capitalistas e que tem continuidade na esfera da reprodução social. (NETTO, 1992: 52).

Diante disso, para os neoliberais é preciso que o homem busque junto ao mercado melhores condições de vida, isso acontece através do trabalho, tendo como resultado o consumo e a competição entre os indivíduos, pois para os neoliberais é a competição que promove a mudança e que permite a ascensão do capitalismo gerando assim, o bem comum entre os homens.
Desse modo, a defesa neoliberal se baseia na privatização e transferência de investimentos de setores públicos para privados, a idéia é, “remercantilizar os bens sociais, reduzir o gasto social público e suprimir a noção de direitos sociais”. [1]

GLOBALIZAÇÃO E RETROCESSO DE DIREITOS
Devemos destacar que junto com a globalização neoliberal veio á expansão da informalidade no âmbito do trabalho, a perda de direitos trabalhistas conquistados no passado pelos trabalhadores e a desigualdade de acesso a bens e serviços.

Essas, porém não se restringiram apenas as camadas “marginalizadas”, mas se expandiram para, além disso, como, por exemplo, podem-se observar nos chamados países centrais, também denominados de países desenvolvidos e em contrapartida os países periféricos ou subdesenvolvidos intensificando ainda mais as desigualdades já existentes, não somente dentro de cada país, mas indo para, além disso, isto é, entre os diferentes países.
Assim, as políticas sociais no contexto da globalização, são entendidas, como a focalização no indivíduo e não nos direitos que o pertence. Ratificando desta forma as desigualdades tão agudas que insistem em permear os vários segmentos da sociedade. Dentro desta mesma lógica de análise, podemos perceber uma considerável redução no que concerne o emprego estável e/ou formal, temos agora o desmonte do coletivo, onde o mesmo dá lugar ao individualismo e a não universalização dos direitos sociais.
Pode-se perceber claramente que os direitos sociais no processo de modernização passaram por intensas mudanças, e com isso houve tanto um avanço como um retrocesso no que refere direitos sociais conquistados ao longo da história.
Quando se refere aos avanços desses direitos, estamos enfatizando a força de organização da classe trabalhadora, o que permitiu a conquista de direitos no âmbito civil, político e social. Outrossim, cabe ressaltar, que as políticas sociais têm suas raízes nos movimentos populares do século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revoluções industriais.
De acordo com Faleiros (1999), os Estados favorecem mais os interesses do capital que a defesa dos direitos humanos. Assim, o novo contrato social imposto pela economia globalizada torna o indivíduo menos seguro, menos protegido, mais competitivo no mercado de trabalho e sem nenhum direito garantido e assegurado.
Cabe sinalizar, ainda, que o processo de globalização neoliberal tem seus efeitos imediatos não só na esfera econômica, mas reestrutura o campo político institucional e das relações sociais. Nesses termos na visão de Soares (2003), tal ajuste neoliberal, foi denominado como desajuste social, pois, além de agravar a já existente desigualdade social fez surgir novas formas de exclusão social e precariedade social. Para, além disso, cabe ressalvar, que a pobreza não é uma novidade, já que é intrínseco ao capitalismo, o que se pretende é demonstrar que a partir dos anos 1990 há uma nova forma de lidar com a questão social que está vinculada à ordem social neoliberal.

CONCLUSÃO

Após esta sintética exposição da concepção de Estado e de políticas sociais no neoliberalismo tendo como orientação os autores citados, penso ser oportuno relembrar algumas reflexões acerca do presente tema de suma importância para nossa compreensão final.
Desta forma, conclui-se que essas desigualdades no que concernem direitos sociais como pertencentes ao homem faz parte do capitalismo neoliberal, onde o Estado tem por objetivo atender os interesses da burguesia, e em contrapartida a despolitização da classe trabalhadora em geral, e por fim, promover o desmonte das políticas sociais e o corte em gastos públicos, resultando assim, na continuidade do capitalismo enquanto sistema contraditório e de relações dialéticas e/ou interesses distintos, sistema esse sujeito tanto a avanços quanto retrocessos.
Assim, o então processo de redefinição de políticas públicas para uma sociedade reflete os conflitos de interesses distintos, os arranjos feitos nas esferas de poder que perpassam e se entrelaçam às instituições do Estado e da sociedade.
Esta nova modalidade tem como desdobramentos as ações filantrópicas, onde as políticas sociais são substituídas por programas de combate à pobreza, onde as responsabilidades do Estado são redistribuídas ao terceiro setor e, além disso, as políticas sociais passam a ser fundamentada em ações focalizadas e no autofinanciamento substituindo assim a universalização destas. 
Desta maneira, a questão social, portanto, tende a ser externalizada e transferida para a imediaticidade e para a esfera do individualismo. Em outras palavras, ocorre uma mudança de modo significativo no trato da questão social e nas suas múltiplas expressões.
Como assinala Laurell (1997), as políticas sociais de inspirações neoliberais criadas e distribuídas entre todos os cidadãos com os direitos à seguridade social e serviços iguais a todos, são esquecidos ao se abandonar os princípios de solidariedade, regidos por critérios de lucro e equivalência, onde são transferidos vultosos fundos públicos para o setor privado ao invés de utilizá-los com critério social de solidariedade.
Esse sistema pode ter efeitos desejados no que diz respeito ao crescimento da economia, no que concerne à expansão dos serviços privados, mas não produzira um desenvolvimento social homogêneo e/ou equidade social, já que enfraquece os programas públicos de subsídio aos mais pobres e privando-os do direito de ter acesso às políticas públicas de forma igualitária, isto é, onde esse cidadão não seja privado dos seus direitos sociais.

Ademais, ao longo deste artigo procuramos, através dos autores aqui tratados, trazer para discussão um pouco da relação entre os vários segmentos sociais, os processos de lutas sociais, a tentativa de desmonte das políticas sociais sob o prisma neoliberal entre outros pontos não menos importante. Feito isso, demos prosseguimento ao trabalho, mostrando como que ao longo da história se fortaleceram as relações entre Estado, sociedade e mercado que, dialeticamente, destroem e reconstroem padrões favoráveis à reafirmação do projeto burguês.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 7ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2010. (Biblioteca Básica de Serviço Social; v.2)

COUTINHO, Carlos Nelson. Notas sobre Cidadania e Modernidade. In Revista Agora: políticas públicas e serviço social, ano 2, nº. 3, dezembro, 2005.

MONTAÑO, Carlos; DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, Classe e Movimento Social. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011. (Biblioteca Básica de serviço Social; v.5)

LAURELL, Asa Cristina (org.).  Estado e Políticas Sociais no Neoliberalismo. São Paulo: Cortez, 1995.

NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. 5ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009. (Biblioteca Básica de Serviço Social; v.1)

NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 8ª Ed. São Paulo: Cortez, 1992.

SOARES, Laura Tavares. O Desastre Social. São Paulo: Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.


[1] LAURELL, A. C. (Org.). Estado e políticas sociais no neoliberalismo. SP: Cortez, 1995, 169p.

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